terça-feira, 11 de maio de 2010

Não se preocupe com o MGMT



MGMT

Álbum: Congratulations

Ano: 2010

Columbia Records

9 Faixas



O problema do segundo disco de uma banda é sempre o mesmo. Vem logo a pergunta: “está melhor que o primeiro?”. Difícil falar disso quando se analisa um disco somente comparando-o ao trabalho anterior da banda. É um erro e sempre aparecem decepções, pois tudo que é sólido desmancha no ar. Prefiro ver como uma obra única, mesmo que se possa fazer pontes com o disco anterior. Mas vamos então à resenha do segundo álbum do MGMT: “Congratulations”.

“Inspirado na surf music” – declaração há tempos vinda do vocalista Andrew VanWyngarden – o segundo disco da banda soa mais introspectivo e menos “psicodélico”. E isso talvez tenha desagradado um pouco a crítica. O MGMT que lançava em todas músicas passadas as tendências quis apenas soar como expressiva banda de rock, sem perder a identidade.

A melhor canção do álbum, também single, “Flash Delirium”, é uma ópera do surf music contemporânea. Porém, “Congratulations” soa como um disco de músicas medianas, já que o que se buscou não é o forte da banda. Definir o que o MGMT faz de melhor, sem dúvidas é criar texturas juntamente com aquela sensação de paz e harmonia que embalava as composições dos anos 60. A banda possui também claras influências dos anos 80, mas não as explora tão bem, quando só repete acordes de teclado comuns à década. É chato ouvir uma coisa que soa como Libertines piorado ou uma tentativa de ser Pink Floyd.

Mas é de se admirar a coragem da banda em apostar num caminho diferente e em resgatar a surf music, como na composição que inicia o disco “It’s working”. A música “Brian Eno”, em homenagem ao produtor e músico, soa estranha por ser MGMT e ao mesmo tempo divertida. A dramática “Someone’s Missing” e a singela “Congratulations” são o lado mais intimista e positivo para quem admira a voz ecoada e violões de Andrew.

“Siberian Breaks” é uma faixa de 12 minutos que explora elementos oitentistas. “Lady Dada’s Nightmare” é a referência ao Pink Floyd de que falo. Enfim, já se percebe a variedade deste segundo álbum da banda. Uma mistura que pode ser indigesta, mas funcionar como experiências no grupo, que odeia carregar o peso do elogiado primeiro disco, “Oracular Spectacular” (2007), nas costas, com razão. Deixe-os trabalhar. Gostaria de avisar: críticos, não se preocupem com o MGMT.

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