domingo, 22 de julho de 2007

Battles
Disco: Mirrored
Ano: 2007
Warp Records
11 Faixas


A cada dia em que se descobrem bandas como Battles, fica mais difícil saber quais os caminhos do rock atual. Esqueça todas as salvações do rock já aclamadas pela imprensa. Afinal, hoje está complicado de se definir os estilos nesse universo de misturas e experimentalismo. Por exemplo, essa banda: poderíamos encontrar mil e uma definições aliadas ao som “rock” que nos mostra o Battles. Será que o rock puro ainda existe? A verdade é que em vez de procurarmos uma “salvação” ou jogarmos todo estrelismo em certas bandas, deveríamos prestar mais atenção em bandas do tipo Battles que produzem, acima de tudo, música boa.

Em Mirrored, primeiro disco da banda nova-iorquina, encontramos influências muitas. Do tipo que não importa o que vão pensar: o som abrange tudo. Desde o eletrônico ao Heavy-Metal, temos teclados, guitarras, laptops, baixo e uma bateria de fazer inveja. O grupo conta com John Stainer, ex-baterista do Helmet; Ian Williams, ex-guitarrista do Dom Caballero (banda de rock instrumental americana); Dave Konopka,baixista e guitarrista, ex-Lynx; e Tyondai Braxton (filho do músico jazzista americano Anthony Braxton) que cuida dos vocais, teclados e guitarra. Um time pesado para um som nada simples, que pode lembrar 65daysofstatic, Animal Collective ou ainda Explosions in the Sky. Se nunca ouviu nenhuma dessas bandas, procure urgente! E não se espante se o som for mais instrumental do que pensava, essa é uma das características dessas bandas classificadas como Post-Rock. Enfim, esta é só uma nomenclatura para uma corrente de bandas que tendem ao experimentalismo, a um rock progressivo, com músicas que podem chegar a dez minutos e utilizam muitas vezes de sons incomuns. Battles é uma delas. Basta ouvir o primeiro single do disco, intitulado “Atlas”.



“Atlas” tem um ritmo contagiante formulado a partir da bateria e batidas eletrônicas. Guitarras viajam junto da voz modificada de Braxton, que chega a ser engraçada. Bom dizer que a voz nesse disco, sendo modificada pelo computador, ganha um papel diferente, não o apenas de cantar, mas de simular notas musicais como se fosse um teclado, por exemplo. O mestre Tom Zé já previra isto outrora, em seu disco. Poucas palavras é o que se encontra em Mirrored. Apreciemos o instrumental, então, e os cantos tribais no começo de “Tonto”, quarta faixa do disco. Impressionante o desenrolar desta faixa, escalas de guitarra fora do normal, bateria que vai do baião(!) até o Heavy-metal e esse baixo que entra tão poderoso?! Depois tudo cai num compasso lento e surge o mistério. A música acaba por nos deixar assim lentamente.

Músicas como “Leyendecker” mostram o lado mais pop/eletrônico da banda. Mas a bateria continua ali, é fato. Não pense que o baterista será poupado. E mais: Bateria comum, nada de eletrônica! Essa característica é de chamar atenção, presente em todas as músicas. Ouça ainda “Bad Trails”, um passeio por vocais que lembram muito o Animal Collective, assim como a “Ddiamondd”.

Do lado mais pesado do CD, temos “Snare Hanger”. Guitarras e bateria em movimento seguem um baixo marcante. Há ainda teclados, barulhinhos eletrônicos e cantos ritmados que acompanham todo o disco. “Tij” também é destaque. São criados temas infinitos de guitarra em cima da mesma batida. E é uma situação disesperadora. Onde tudo isso vai parar? Em gritinhos efêmeros ou na guitarra mais distorcida? Por que não nos dois? Por fim, “Race out” nos presenteia com diálogos de guitarra no melhor estilo Battle de ser. Para que um final melhor?

terça-feira, 10 de julho de 2007

Silverchair
Disco:Young Modern
Ano: 2007
Eleven/Atlantic Records
11 Faixas




Segundo Daniel Johns, vocalista e guitarrista do Silverchair, a banda encontrou neste quinto álbum sua verdadeira sonoridade. Young Modern é intenso, bem trabalhado e, por fim, soa como uma obra completa, pois passeia pelas várias vertentes do Rock e da carreira do grupo.

O álbum realmente surpreende para uma banda que estava parada há mais ou menos quatro anos. Daniel Johns, Chris Joannou e Ben Gillies, depois das férias, entregaram-se a um som cada vez mais ousado do Silverchair. Não se trata apenas de uma continuação do Diorama, disco lançado em 2002, mas de uma evolução e descoberta de caminhos próprios, que vão desde a voz mutável de Daniel, até os diversos estilos (rock, pop, blues e eletrônico) que adentram o álbum.



O Young Modern abre com uma música (Young Modern Station) que começa eletrônica, punk e, por fim, chega ao pop, afinal, é assim que se pode definir esta composição que está recheada de guitarras pesadas e de vocais doces: Silverchair está de volta! Logo após, Straight Lines surge como uma balada romântica, primeiro single do disco, ao som de pianos e um refrão bem Coldplay, ao longe se escuta uma orquestra, reflexos de Diorama?! – Sim! É só começar a terceira faixa para notarmos a orquestra tão esperada para uns e tão estranha para outros. Em If You Keep Losing Sleep a casa cai. Aqui está o som. Aproveite, ria e se delicie: a criatividade flui tanto que não se sabe onde a canção vai parar. Já a quarta faixa,Reflections of a Sound, está mais para uma balada romântica, mostrando-nos a diversidade existente no disco.

Mas é na quinta música do Young Modern que está o ápice de tudo. Those Thieving Birds (Part 1) / Strange Behaviour / Those Thieving Birds (Part 2), três músicas em uma, o Silverchair se resume nesta que está mais para uma sinfonia. Delicada na primeira parte; com um superarranjo orquestrado, na segunda, cheio de guitarra, bateria e baixo pulsantes, chega a ser impressionante; na terceira voltamos aos belos vocais de Daniel que se transformam em cada momento da música.



Depois seguem músicas divertidas como That Man That Knew Too Much e Waiting All Day, esta última com direito a uma guitarra meio caribenha no começo. Enfim, são boas canções, com ótimos refrões e melodias. Ao chegar em Mind Reader, o cenário muda. A influência de Blues aparece,com uma voz totalmente alterada de D. Johns. Piano e guitarra fazem algo parecido com Lenny Kravitz?! Mas logo o Grunge fala mais forte e faz Johns gritar: “Don’t know what you want/ don’t know what you want/ No I’m not a mind reader baby, come on!”.

Temos ainda Low, outra boa canção que explora guitarras com slide, muito piano e sintetizador. Insomnia segue num ritmo mais pesado, mas nada que impressione muito depois de tantas canções encantadoras. Para finalizar com chave de ouro, surge All Across The World, canção que lembra o psicodelismo de Beatles, com algo enigmático na melodia, e um refrão que marca pela beleza. A orquestra dá um toque especialíssimo no final e tudo acaba serenamente. O trio poderá dormir tranqüilo, pois seu trabalho continua digno de uma grande banda.