domingo, 24 de fevereiro de 2008

Hot hot hot chip


Hot Chip

Disco: Made in the Dark

Ano: 2008

EMI, DFA, Astralwerks

13 Faixas




Dentre as bandas eletropop, que às vezes embalam a onda “New Rave”, está o Hot Chip, lançando seu terceiro disco “Made in The Dark”. Adentrando sua passagem tímida pelo Tim Festival 2007, num período meio conturbado para a banda que estava em fim de turnê, verificou-se a incógnita que seria o disco. Se, ao explorar músicas mais intimistas no segundo disco, “The Warning”, continuariam num caminho a fundo com músicas minimalistas ou haveria surpresas para o novo álbum.

Veio “Made in The Dark”, ao contrário, a explorar músicas maximalistas, na maior parte do disco, como afirma o próprio Alexis Taylor, cantor, líder da banda. Algumas influências, citadas por ele, chegam ao Heavy Metal, Prince, Beatles. Apesar disso, o techno alemão é bem perceptível nas faixas deste disco. Guitarras estão mais visíveis e compõe algumas baladas como a canção homônima “Made in the dark”. E se há algo que o Hot Chip sabe criar bem são os climas recheados de vocais, teclados e compassos lentos. Vemos no disco músicas como “We’re Looking for a Lot of Love”, “Whistle for Will” e “In the Privacy of our Love”, compondo a metade mais melancólica e lenta, baladas que Taylor diz adorar. Estas remetem aos anos 80, por vezes, ou de influências radioheadianas.

Entretanto, vamos à parte mais excêntrica, que integra o disco em maioria. “Out at the Pictures”, faixa que abre o disco, é animada, refletindo que o Hot Chip é, sim, o dono da festa. O primeiro single, “Shake a Fist”, começa com batidas dark, e elementos não muito comuns na banda. Atinge pelo meio batidas eletrônicas fortes, possivelmente tiradas do funk carioca. “Ready for the Floor” foi o segundo single mais pop de todos que alcançou a sexta posição na “UK singles Chart”. De certa forma, a música define o que se chama eletropop, deriva de lados românticos e eletrônicos.

Músicas mais “maduras” aparecem, como “Touch too Much”, a própria “Made in the Dark”, “One pure Thought”, que puxa para o brit pop, ao começo e logo fica dançante. Um caso a parte aparece em “Wrestlers”, música em parceria com o LCD Soundsystem, que é no mínimo curiosa, pela sua letra cantada de forma rápida, teclados que surgem pelo meio e pelo tom pop, sem cair na mesmice. “Hold On”, faixa de seis minutos, define o por quê da new rave. Animada, criativa, dançante, ao passear pelas vertentes propostas.

“Made in the Dark”, enfim, define-se como um bom disco de eletropop, com faixas que cairiam bem numa festa eletrônica. Apesar das influências citadas, está compactado num formato que o Hot Chip propõe desde o início. Embora, para a música como um todo na carreira da banda, restringe-se, por vezes, em seus mecanismos ao compor.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Novos Vampiros de Nova Iorque


Vampire Weekend

Disco: Vampire Weekend

Ano: 2008

XL Recordings

11 faixas





O tempo passa e continuamos a ouvir que determinada banda será a salvação do rock a cada estação do ano. O novo rock caminha para estilos múltiplos definindo e buscando alternativas para necessidades consumíveis. Além disto, há uma combinação, misturas de ritmos e culturas, nem sempre compreendidas. Contudo, tendem a ser uma jogada positiva quando boas referências são buscadas na música.

Vampire Weekend vem a ser mais uma banda dessas que são lançadas primeiramente na internet. O som indie, que vem de New York logo gerou comentários na rede mundial sobre a banda que revelaria o novo rock. E seu primeiro disco lançado no começo de 2008, intitulado com o mesmo nome do grupo, aposta em uma mistura afro-western, ou afropop...

Porém, como toda banda de rock, Vampire Weekend bebe de fontes como Beatles, Talking Heads, um pouco punk, e de música erudita?! Bom, não se sabe o que realmente está levantado depois de tantas misturas musicais num único disco. Encontra-se músicas super simples como “Cape Cod Kwassa Kwassa”, “A-Punk”, com boas referências, mas instrumentalmente simples. Que não apresentam aquela energia do novo rock. Agrupam-se com estilos outros como o reggae, ou a leve batida afro, a tomar idéias de Paul Simon. Outras se assemelham com bandas nova-iorquinas que apostaram num estilo parecido: Clap Your Hands Say Yeah e The Walkmen.

"O nome da banda é Vampire Weekend. Somos especialistas em seguir muitos estilos"


Os momentos mais fortes e que superam tendências estão em músicas como “M79”, “I Stand Corrected”, “Walcott”, a primeira joga-nos para a indecisão acima: música erudita? São arranjos de cordas, floreios e a até a voz de Ezra Koenig que nos fazem pensar numa música moderna transcendente. Momentos em que a banda soa cheia. Se o Clash soube aproveitar o reggae, o Vampire Weekend soube aproveitar, além deste, a velha veia européia da música.

Nesta medida, há permissão para baterias desafiadoras, melodias mais bem formuladas, como as acima citadas, e um reggae moderno em “The Kids Don’t Stand a Chance”.

“Vampire Weekend” é um disco desafiador e não deixa a desejar, completa-se num ciclo de vertentes mais variadas possíveis, sem deixar o rock de lado.