terça-feira, 17 de junho de 2008

Golpes de Atari


Crystal Castles

Disco: Crystal Castles

Ano: 2008

Lies/ Last Gang

16 Faixas


Dentre as várias cenas e tendências da música eletrônica, encontramos um tipo peculiar, que vem sendo cada vez mais explorado ultimamente, em clubes especializados, geralmente, metropolitanos, seja para dançar, ou escutar ali quietinho. O eletro house, o punk e o rock se encontram novamente. Instrumentos elétricos unem-se aos eletrônicos, formando o som das novas gerações. É o próprio som da cidade, urbano: desesperador, egocêntrico, minimalista. Uma fuga propriamente dita, no caso de Crystal Castles, duo de Toronto. A vocalista, Alice Glass, esconde sua voz por trás de efeitos, gritos e sussurros, enquanto as batidas eletrônicas de Ethan Kath dão o panorama métrico de cada sentimento ali contido.

Imagine uma geração criada em torno de video games, aparelhagem eletrônica, de uma vida urbana acentuada, embebedadas pela música eletrônica alemã e pelo tédio. Tudo começou com uma simples brincadeira de gravar músicas no lap top e coloca-las no My Space. Num teste de microfone, fez-se o primeiro single “Alice Pratice”, destruidor em gritos de Alice Glass, poderosa. O que era para ser teste resultou num quase Sonic Youth eletrônico. Com uma forte influência oitentista, o Crystal Clastles lança seu primeiro disco, homônimo ao nome do grupo. O duo, formado em 2004, declara-se fã de algumas bandas contemporâneas, como o Klaxons e Bloc Party, ao lançar remixes destas duas. Mas não se vê uma influência direta, em grande parte do disco.

Música eletrônica é a primeira definição a ser colocada aqui. Neste quesito, temos grande exploração de sintetizadores e vozes modificadas, além, claro das batidas ambientes. Por outro lado, Alice declara em tom punk: “queremos que as pessoas sintam náuseas”. E se é isso que querem, conseguem, muitas vezes. Vozes são vomitadas, enquanto temos vontade de simplesmente dançar, deixar levar-se pela emoção dos sintetizadores minimalistas. Uma distorção sempre presente, um sentimento dark aproximando-se do The Knife, em “Siilent Shout”. Tudo interligado.

Composições como “Crimewave”, com colaboração de Health, “Vanished”, ou “Untrust us”, definem o que há de melhor dessa mistura. O disco está forjado dos sentimentos mais sujos aos mais surreais. Altamente denso. Mesmo nas melodias pop, um insegurança e um mistério surgem. São as vozes modificadas num ar soturno, é o eletrônico entrando em decomposição. É como Primal Scream, em XTRMNTR, chegando à insanidade, mais eletrônico, entretanto.

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