
*próximo show a ser comentado aqui, aguardem.
Ao começar, temos a voz superafinada e suave de PJ. O piano e a bateria ritmados compõe a primeira faixa, “The Devil”. As letras tendem para um lado obscuro da cantora, percebe-se somente pelos nomes das canções. Não que isso seja uma novidade em seu trabalho, mas desta vez é algo que abraça o disco por completo. “Dear Darkness” é um bom exemplo, no qual a voz sussurrada, a bateria delicada e o piano dedilhado dão clima soturno à música. “Grow grow grow” surge misteriosa e desvenda seus segredos lá pelo meio. Faz lembrar Regina Spektor, com viagens ao piano. “When Under Ether”, o primeiro single do disco, remete-nos à lembrança de “It is desire?”, álbum de 1998, da cantora numa ótima fase. E esta faixa, por mais simples que pareça, tem força tremenda na voz e composição de PJ Harvey.
“White Chalk”, faixa que dá nome ao CD, é bucólica, com seus banjos, violão, percussão e vocais. Característica nova, de certo modo, no trabalho de PJ. Parece com muitas bandas novas, talvez influentes, do novo folk misturado a mil e um estilos, citando Joanna Newsom, Cocorosie e Jenny Lewis. Porém, o sombrio continua a rondar PJ Harvey, que se esconde sua voz por trás de efeitos nessa faixa. Seguem “Broken Harp” e “Silence”. Na primeira, bastante intimista, ouve-se harpa. Na segunda, temos piano e harmônica. A multiinstrumentista PJ ainda experimenta em “To Talk To You” algo sem muita linearidade, entretanto, esta música absorve bem o espírito do disco, onde encontramos um poço sem fim de imaginação. E, se estamos em eterna viagem, sobra uma homenagem ao instrumento que nos proporcionou isto. Em “The piano” , uma das faixas mais belas do álbum, há tudo e mais um pouco. PJ exclama: “Oh God, I miss you”. E há lembranças de tempos antigos da carreira da moça, se ouvir com atenção, sua voz está entre o(s) antigo(s) e o novo trabalho, o mesmo se encontra na composição da música.
“Before Departure” dá continuidade ao poço de imaginação. PJ já se despede, em tom melancólico. Bateria comportada e ótimos vocais de fundo. Chegamos ao fim com “The Mountain”. Aqui se concentra o diferencial da cantora, que transforma sua voz. E também nos presenteia com um belo piano. O clima é cheio e pesado, como numa solidão profunda. E no final, depois que tudo passou, gritos. Nada melhor do que gritos.
O que PJ desejou com isso? Talvez seja seu estranhamento. De uma experiência nova nasce a cantora. E tudo está escuro. Os gritos são para aqueles que não acreditavam em seu trabalho. Mas, acima de tudo, é um grito interior.