quarta-feira, 23 de abril de 2008

Folk, freak, folk


The Dodos

Disco: Visiter

Ano: 2008

French kiss

14Faixas




O folk vive uma revolução. Ou evolução? Bem, os termos entram em choque, quando ainda é um pouco cedo para afirmar algo concreto sobre bandas novas que aderem ao folk. Mas o estilo passa por mudanças, acoplando-se a outros ritmos, incorporando-os ou resgatando suas raízes mais distantes. Não é à toa que nascem nomes como folktronico, freak folk, anti-folk ou apocalyptic folk. O Freak Folk, mais precisamente, é nome designado para as bandas que apareceram nos anos 2000, como Joanna Newson, Devendra Banhart, Sufjan Stevens e Animal Collective.

Nisso, surge The Dodos, banda californiana, um duo de violão (Meric Long) e bateria (Logan Kroeber). E, em seu terceiro disco, “Visiter”, completam os nomes de bandas/cantores citados acima. Completam no sentido de realmente contribuir para o “movimento folk”. Uma combinação mutante entre batidas fantasmagóricas, da percussão de Logan, violão criativo e voz cativante de Meric Long, criam ambientes múltiplos. Desde um folk mais tradicional, como percebemos em “Walking” e “It’s the Time Again”, ao freak, com direito a gritos, nas preciosas “Fools” e “Joe’s Waltz”. Alguma semelhança com Animal Collective? As baterias progressivas, cheias de tambores graves fazem nos crer numa parceria com a banda. Mas nada disso, há uma incorporação, meras influências que geram uma das percussões mais criativas já feitas.

O tema bucólico ainda pode ser observado em algumas letras. Mas o novo folk permite-se falar de amor, questionar Deus e falar de coisas contemporâneas. Experiências com o psicodelismo deixam o disco mais interessante ainda. Pelo meio de “Paint the Rust”, temos um violão distorcido, que complementado ao slide nas mãos de Long, lembram Jack White nos momentos de surto. “Jodi”, com sua percussão nervosa e violões acentuados, compõe um ritmo entre o rock, nas melodias; folk, nos detalhes; e pop no refrão grudento. Em “Visiter”, as músicas, ora podem alcançar sete minutos, cheias de movimentos, ora atravessam mensagens de segundos.

The Dodos provam que também são bons em melodias lentas. “The season” possui uma delicadeza profunda, em seus vocais e violões. Entretanto, transforma-se em batidas primitivas e vozes do além. “God?” é extremamente poderosa, com seus devaneios, gritos e questionamentos. O folk independente nasce com espaço para brilhar e em 2008 já mostra suas virtudes.





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