quarta-feira, 26 de março de 2008

A garota russa perdida no espaço



















Devotchka

Disco:
A Mad & Faithful Telling

Ano: 2008

ANTI-Records

10 faixas


Depois de um EP que merece notável destaque no cenário de rock alternativo, intitulado “Curse Your Little Heart” de 2006, e um disco romântico e enigmático “How It Ends”, de 2004, o Devotchka volta com suas influências latinas e leste-européias mais afiadas do que nunca em 2008. “A Mad & Faithful Telling” nos traz qualidade instrumental impecável, ritmos incomuns dançantes ou por vezes melosos, e letras que falam de fé e amores incompreendidos emergindo culturas várias ao passo que Nick Urata canta versos em espanhol as músicas “globais”, digamos assim.

Aqui é quando o México encontrou a Grécia, ou a Índia encontrou o bolero, numa interpretação americana. Parece estranho, mas para quem conhece o grupo, sabe o que são capazes de fazer. Ouça a primeira faixa “Basso Profundo” para encontrar um Devotchka bem animado fazendo um trabalho muito parecido com os discos anteriores. Mas a noção de um refrão pegajoso (este pode ser só um backing vocal com vocais “uuuhll”), vem a surgir por meio de viagens por cantigas psicodélicas. Um fato interessante neste disco: o psicodelismo tímido. Vão aparecendo notas dissonantes, volumes que crescem ou decrescem, detalhes aqui e ali de eletrônico.

As canções românticas e nostálgicas ganharam um espaço relativamente alto em “A Mad & Faithful Telling”, disco com apenas 10 faixas, sendo duas instrumentais (por sinal ótimas experimentações com violinos e acordeom, a lembrar Yann Tiersen). Se antes tudo era alegre e dançante nas composições anteriores, temos três canções realmente afiadas que traduzem o romantismo de forma sincera, cativante e atual. São elas: “The Clockwise Witness”, “Undone” e “New World”, filhas da boa canção “How it Ends” ou fazer inveja ao Arcade Fire.

O tanto que se preservou neste quinto disco, na questão de instrumentação e estilo, também se experimentou com influências da música moderna, em refrões (“The Clockwise Witness”), batidas emprestadas do rock (“Transliterator”), e backing-vocals cativantes (“New World”). Esta “salada” representa uma valsa-rock-moderna em “Blessing In Disguise” ou uma psicodélica-balada-mexicana em “Along the Way”. O tão experimental Devotchka encontra seu caminho a cada disco que lança, sob doses da música que resgata a multi-cultura, o melancólico e a antítese.

Um comentário:

Raiana disse...

Não conhecia a banda pelo nome. Quando fui procurar videos no youtube, fiquei alegremente surpresa ao deparar-me com a bela trilha sonora de pequena miss sunshine! O violino em "How it ends", "till the end of time" e "We're gonna make it" é apaixonante! Gostei muito das músicas "Bossa profunda" e "Transliterator" que você citou. Nesta última principalmente do teclado! Espero depois escutar o cd todo!
Té mais! ^^