domingo, 13 de janeiro de 2008

O que querem os Hives?


The Hives

Disco: The Black and White Album

Ano: 2007

Interscope Records

14 Faixas






Os suecos do The Hives sempre são lembrados pelos gritos de Pelle Almqvist ou pelo seu primeiro hit “Hate to say I told you so”. O que, certamente, são fatos indispensáveis. O estilo garage, meio punk com rock rapidinho, música de no máximo 3 minutos são decorrentes de todos seus discos. Porém, novidades aparecem no quarto disco da banda. Como toda banda de rock precisa evoluir para sobreviver, com Hives não foi diferente. E os estereótipos acabam conosco. Esperamos sempre o mesmo som da banda. Aí justificam: “os caras só sabem tocar aquilo mesmo”. Bom, mas se pensarmos assim, Radiohead nunca teria ido onde foi. OK?

Não que os rapazes sejam os melhores do rock atual, está longe disso. Mas conseguem fazer músicas com refrões desafiadores e agradáveis, coisa que muita banda anda com dificuldade, mesmo que isso não seja o mais desafiador do rock. O Hives mais uma vez faz um rock “primitivo”, com guitarra, baixo e bateria, em “The Black and White Album”. “Primitivo” é uma palavra forte, “básico” seria convencional. Entretanto, colocam elementos novos como um experimento dance ou uma música instrumental obscura. E, acredite, o tão famoso vocalista mudou um pouco sua voz gritada para isso.

“The Black and White Album” foi produzido por gente do pop como Pharrell Williams e do rock, como Dennis Herring e Jacknife Lee. Uma mistura notável neste álbum. Escute as duas primeiras músicas que iniciam o disco: elas poderiam estar em qualquer outro disco do Hives. São pegajosas, a primeira começa até com um grito, e respeitam a formulação de guitarras rapidinhas e batidas animadoras. O destaque para a segunda, “Try It Again” são os gritinhos infantis que caíram bem na estrutura, acompanhado por guitarras bases fortes, típicas de White Stripes. A quarta faixa, “Well, Alright”, segue no mesmo ritmo, animado, mas lá pelo meio uma queda: surpresa?! - Sim. São sintomas da mudança. Com “Hey Little World”, as guitarras providas de Whammy, estão a lembrar Jack White, mais uma vez. Ruídos e pequenas batidas eletrônicas aparecem, refrões e percussões que te pegam muitas vezes, rock sincero que dá para mexer os esqueletos.

A quinta música que compõe o disco, “A Stroll Through Hive Manor Corridors” é instrumental, lenta, de clima soturno, que poderia estar num disco do The Cure, quem sabe. Mas está aqui, perdida. Tanto que a próxima faixa repete a mesma estrutura básica já comentada. Um refrão seguido por teclado repetitivo, não é que parece com Killers? De onde vem essa coisa-máquina-pegajosa? Do power pop?! Chegamos, então, na faixa crucial, intitulada “T.H.E.H.I.V.E.S”. O baixo e guitarra parecem dark no começo, com aquela voz “Welcome”, mas quando surge a voz de Almqvist, o que é isso? A mudança pop, esse monstro que engole tudo pela frente hoje em dia. E essas letras citadas uma por uma? Copiaram do Hot Chip? Pelo menos ficou bem melhor...

E por falar em power pop é o que temos na faixa seguinte, “Return the favour”. Os gritinhos e guitarras, porém, lembram Ramones. Mais pegada pop na irritante “Giddy up”, de canto modificado, inspirado pelo rap. O disco nos mostra em maioria canções derivadas do punk. Mas o destaque está em “You dress up for Amargeddon”. O começo nem é tão inspirado, mas o refrão se encaixa com perfeição de um hino punk, algo único neste álbum.

Experimentos como na “Puppet On A String” são válidos. Piano marcante e vozes no pano de fundo. Algo que deu certo. Criativo e de qualidade. Chegamos à última faixa, “Bigger Hole To Fill”, que abrange pontos bons, como a batida meio influênciada pelo eletrônico, mas o refrão se torna repetitivo, ao longo do disco. Algo visceral é visto com raridade neste disco. E isto vai de encontro aos lançamentos anteriores da banda. Deixa a desejar em partes.

2 comentários:

Anônimo disse...

excelente! tá muito bom o blog.

é a primeira vez que eu olho e gostei muito.


parabéns e sucesso!

Rodrigo Colares disse...

Hives? Ser o Rolling Stone deixou de ser o objetivo?