
Black Mountain
Disco: In The Future
Ano: 2008
Jagjaguwar
10 Faixas
Num belo dia você junta seus amigos para tocar. E o que aparece entre o repertório? Hendrix? Pink Floyd? Led Zeppelin? Black Sabbath? Velvet Underground? Talvez Neil Young? Bandas e artistas que revolucionaram o rock, certamente, e que continuam a influenciar pelo menos noventa por cento de bandas iniciantes. E foram basicamente essas que possibilitaram o início de criação para a banda canadense Black Mountain, formada em 2004.
Um grupo de amigos e músicos, chamado Black Mountain Army, deu origem ao som de extrema diversidade e capacidade encontrado no Black Mountain. Em “In the Future”, segundo disco do grupo, há um som feito de rocha, impulsionado por misturas antagônicas. Do folk ao heavy metal, traçado por guitarras, sintetizador, baterias e vocais por vezes angelicais. O psicodelismo e o progressivo estão em jogo para reafirmar a tendência do chamado pós-rock. Mas não há somente isso, o lirismo possui força em canções que representam o folk-rock, formando o ecletismo da banda.
Em “Stormy High”, faixa abre o disco, guitarras mudando de tom em solo curto, ouve-se os gritos de Amber Webber. Esta coisa cheia de formas, com fortes influências dos 70’s, descreve e define o som do Black Mountain. Porém, isto é só uma amostra curta do que virá pela frente. “Stormy High” nem é tão especial assim, por possuir uma fórmula curta. Poderia ser hit nos anos 70, e até confundida com uma música do Deep Purple. Na segunda, “Angels”, há uma virada de quase 180 graus. Uma melodia lenta, pulsante e contagiante coloca-nos em harmonia plena. As vozes de McBean e Webber se misturam e se encaixam com perfeição, num tom nostálgico. “Angels” é devastadora, ainda mais com o solo lá pelo meio da música. Metricamente perfeita, uma verdadeira canção.
E “Wucan” abre mais caminhos. Seus solos são contagiantes, guitarras falam, o sintetizador é bem colocado, vocais fazem sua parte em refrão: “So we can come together”. Amber sempre caindo com perfeição em suas passagens. Duas baterias compõem o fundo muito marcante. Surge o espaço de improviso para o sintetizador que sabe utilizar recursos incorporados. Um espaço zen, que nos sugere ir tão alto quanto o sol.
“Evil Ways” mostra um lado caótico da banda, onde tambores, guitarra e teclados são a exclamação do mal. Lúcifer é citado e a voz de McBean está realmente transformada. Solo enlouquecido em volume máximo, destruidor. Com um espaço mais uma vez para o baterista Joshua Wells mostrar sua habilidade. Então “Wild Wind” é a próxima canção. De tempo curto, mas de beleza inversamente proporcional a este. A música soa como a banda toda estivesse colocando seus sentimentos ali.
A gigante “Bright Lights”, de dezesseis minutos, tem pelo menos uns quatro momentos ou “movimentos”, que resumem todo o espírito da banda. Progressiva, agressiva, bela, atinge com todos os instrumentos nossos corações. Um bom rock, criativo e revolucionário por destruir preconceitos. Os vocalistas formam um diálogo e o dissolvem em inúmeras possibilidades de interação. Lá pelo meio, temos quase uma missa anunciada e tudo se reconstrói. Gritos libertários. Tudo em seu peso máximo, eles querem mais. Contudo, “Night Walks” vem encerrar o disco. Amber canta ao som único de um sintetizador. Sua voz ecoa. Parece um choro. A profundidade desta é de chamar a atenção. Ela é uma sombra e a noite anda por entre esta voz. O coro nos leva a outra dimensão. É a despedida, é a despedida.
My Space da Banda : http://www.myspace.com/blackmountain